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  • Foto do escritorIsa Pitanga

AQUELA BAGAGEM EXTRA DE TODO DIA

É complicado nos desfazermos desse peso extra que carregamos quando iniciamos um relacionamento, quando estamos diante de um novo desafio ou de uma nova realidade.


Estamos acostumados a carregar a nossa bagagem de experiências como se fossemos tartarugas, que carregam a sua casa por todos os lados.


Vivemos nessa situação em que muitas vezes, temos uma realidade que não nos é confortável.


Torna-se mais fácil usar dessa nossa bagagem de experiências mais ou menos sucedidas, mais ou menos queridas ou odiadas, para justificar as nossas atitudes e as nossas escolhas diante das pessoas, do que nos vai acontecendo e de nós mesmos frente ao espelho.


É complicado nos desfazermos desse peso extra que carregamos quando iniciamos um relacionamento, quando estamos diante de um novo desafio ou de uma nova realidade.

De certa maneira, torna-se injusto estarmos presos a essa bagagem toda quando estamos a usá-a como desculpa ou caução para justificarmos ou nos protegermos do que nos acontece. Contudo, se voltamos o nosso olhar para nós mesmos, bem sabemos que esse escudo de esperiências, ao invés de nos ajudar a sabermos para onde devemos ir e para onde devemos não ir, nos paraliza e nos impossibilita de viver intensamente, muitas das vezes.


Na verdade não processamos o que nos acontece. Ao invés de nos libertarmos do que nos aconteceu refletindo a cerca daquela relação que terminou, aquela perda de alguém que gostamos, a demissão ou situações que fazem nossa vida virar de cabeça para baixo, nem sequer as guardamos numa gaveta, deixamos ali exposta, a andar com a gente, como um grande e imenso peso de papel que nos retarda e nos transforma em criaturas que tem espinhos ao redor do corpo e nada nos pode alcançar.


Quando sentamos à mesa de um restaurante para conhecer uma nova pessoa que pode vir a se tornar alguém especial, jogamos sobre o serviço todo, antes mesmo de virem as entradas, toda a nossa vida anterior até aquele jantar. Está ali a partilhar da refeição toda essa bagagem de experiências que não foi processada, que se transformou em culpa, em rancor e desânimo perante a vida.


Muitas vezes, já determinamos o final do filme mesmo antes de assistir os primeiros minutos. Determinamos como carrascos de nós mesmos uma lista de senãos que impedem que sejam ultrapassadas as coisas passadas. Estamos revivendo-as todas de novo ao conhecer uma nova pessoa que não tem responsabilidade e muito menos culpa pelo que já vivemos até aquele momento.


E, sem surpresa alguma, quando outra vez mais um relacionamento não dá certo, lá vão mais algumas horas, dias, meses e anos de experiências que não serão processadas, nem internalizadas e, sem outra via de escape, distribuiremos as culpas na medida que nos for mais confortável.


Mas são os outros que não se afinam com a gente. Não houve compatibilidade, diremos! Não houve afinidade!

Não era o emprego que queríamos! O horário não era bom e o salário era menor do que eu estava disposta a aceitar! E se voltamos aos relacionamentos: ele era baixo, alto, magro, gordinho. Ele era entusiasmado, calmo demais, falava demais, falava de menos, era atrasado ou era adiantado. Enfim...


E, quando algumas vezes queremos ser um pouco mais tolerantes, diremos: ele era mesmo uma pessoa incrível, mas não era o momento. Não estava preparada. É claro que não estávamos preparados! Como estar se a nossa casa está toda desarrumada, com tudo por fazer e arrumar? Estão lá tudo o que vivemos espalhados sem ordem nenhuma e não temos a mínima ideia do que fazer com tudo o que há.


Passamos tempo demais em cuidar da nossa aparência e a procurar a pessoa perfeita, a situação perfeita, a casa perfeita, quando o que temos é a gente nessa bagunça toda e ainda incapazes de nos despirmos do que já devia ter ido a algum tempo. Tirar a roupa é fácil, mas nos despirmos de nossas dores e mágoas, é que é complicado. Receita? Levar à sério a nós mesmos e não nos escondermos das nossas experiências.

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