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  • Foto do escritorIsa Pitanga

QUANDO VOCÊ SABE QUE É AMOR E NÃO É SÓ PAIXÃO?

Quem ama, tem medo de que seja só paixão e nada mais. Mas essa noite eu não sei dizer o que pode ser.


Quanto mais fugimos mais a flecha tem força e mira o nosso coração. Não sei o que fazer quando encontro os teus olhos. Fujo deles como quem foge da morte. A parte que precisa morrer em mim pra ter você em minha vida é forte o bastante para afastar a minha linha da vida da tua.


Estou tão acostumada a ter relacionamentos pela metade que fica complicado quando encontramos pessoas que nos completam. Tenho medo de deixar esse casulo onde me escondo pra tentar ser feliz do meu jeito. Não quero apostar as poucas fichas que ainda tenho em um sentimento e um querer ficar perto que pode ser mais uma paixão e não o amor de verdade que tanto procuro.


É o seu sorriso, cheio de sol que me encanta e dissipa as nuvens que teimam em cobrir os meus dias.

Já vai longe o tempo em que acreditava em amor como esse que me oferece. E se for como as compras que fazemos pela internet onde o anúncio não tem nada a ver com a realidade que nos mandam pelo correio?


Quero um pouco de realidade nesse sonho em que tentas fazer eu mergulhar. Eu não sou tão boa nadadora quanto isso para correr esse risco contigo. Já não sou uma menininha e ando mesmo como um caracol com a casa nas costas cheia de memórias e experiências que fazem eu correr de ti.


Respondo o que dizes com o silêncio entre as palavras porque me faltam palavras e na falta delas, quero mesmo é me entregar a esse teu beijo bom que me tira todo o medo. Mas não a razão.


A razão me diz: tem calma. Respira fundo, vai dar uma volta. Vive a vida mais um tanto e depois, se ainda for amor, vem e me encontra onde nos vimos pela primeira vez. Há sinos a tocar, mas hoje estão calados, como da primeira vez em que te vi.


Quando é amor, cada beijo teu me devolve ao centro do mundo.

Dá-me o chão firme para construir o nosso castelo imaginário onde os teus olhos me observam, a tua boca fala ao meu coração e os teus braços me apoiam quando é preciso. Quando é paixão, cada beijo teu me tira o chão e como um tornado tira-me do meu centro e me faz, como num turbilhão, libertar-me do que me aprisiona.


Quem ama, tem medo de que seja só paixão e nada mais. Mas essa noite eu não sei dizer o que pode ser. A tua falta é sentida como se fosse amor e na luz da lua que entra pela janela, provoca-me a ansiedade que só sentem os apaixonados. Já não sei o que pode ser: se é amor ou se é paixão. Desconfio que seja um pouco dos dois.


O que eu faço contigo? O que eu faço agora?


A cidade dorme lá fora e aqui dentro há tanta confusão que tenho mesmo de me encontrar. De te encontrar. De nós encontrarmos. Vamos aproveitar esse silêncio lá fora para caminhar à beira da praia, e quem sabe as ondas do mar venham a nos dizer o que há entre nós e entre o silêncio das palavras, afinal.

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