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  • Foto do escritorIsa Pitanga

Quando é amor de verdade

Quando é amor de verdade, galinha com farofa é igual a caviar. Mas não me venha com essa conversa de que é mesma coisa que não é.

Também não venha me dizer que agora vai ser só galinha com farofa. Não venha com essa ideia de que não deves te esforçar.


Então é exatamente nesse ponto que eu quero tocar. Não é o resultado. Não é o tamanho do presente. Não são as distâncias percorridas. Não é o tempo que dispensas ou gastas com o nosso amor. Não é nada disso, mas tem como resultado ou caminho algumas destas coisas. Mas não é bem isso, exatamente.


Na verdade, é o esforço. É no ponto da taxa de esforço que podemos ter alguma ideia se é amor de verdade. Quando é de verdade, o esforço, embora tenha taxas e possa ser medido, de fato, o esforço não é algo que se mede porque se perde nesse sentimento todo que nos envolve e nos toma por completo.


O esforço deixa de ser o que é para se tornar algo com sentido e com intenção. E, se a intenção de fazer o outro feliz estiver equilibrada com a satisfação interna de também nos fazer felizes, então, esforço já não pode ser plenamente identificado e, embora esteja na equação, já não é algo que nos salta aos olhos.


Quando e enquanto é esforço, é sofrimento. Quando gera sofrimento, não é amor.

Logo, se estás a te esforçar, de repente vale uma pausa para refletir e avaliar se de fato é mesmo esforço e o que podes fazer nesse relacionamento em que te encontras para que deixe de ser esforço. Entretanto, às vezes, é melhor trocar de trem e de destino. De repente, não é amor.


Amor de verdade é suave como a brisa do mar ao cair da tarde. Amor de verdade faz a paisagem com mais cor e quando estamos juntos estamos em paz. Quando estamos longe, temos dentro do peito a lembrança do calor que permanece com a gente mesmo depois do nosso último beijo e aquele último olhar anterior a este agora em que estamos.


Então, vamos lá, seja sincero e avalie o que tem e o que é agora. O que podes dizer a respeito? Não procure por perfeição, porque já sabes que não existe e não existem em lugar ou pessoa alguma. De repente, ficar só seja uma opção a considerar. Se ainda vale um pouco de sangue e suor, lágrimas e sorrisos, então, vá lá e se esforce.


Sendo pra valer, esse esforço vai deixando de ser algo pesado e tudo o que és, na essência e vindo da parte mais colorida da tua alma, vai fazer com que hajam dias de sol mesmo quando chover lá fora. Galinha com farofa é caviar e está tudo bem.


Me dá a mão e me aperta forte como se estivéssemos a cruzar o oceano enquanto atravessamos a ponte dentro do trem. No tapete da sala, quero ser a sua princesa das Mil e uma Noites e a vela tremulando na bancada é da cor dourada do anel que veio de brinde dentro do cereal que marcou o nosso compromisso.

À tua chegada, corro as escadas como se vivesse num palácio e me encontro nos teus braços, abraço bom que nunca esqueço e me aqueço no calor dos meus e dos teus sonhos (alguns sonhos também nossos) e dos planos que vamos escrevendo como se fosse conto de fadas, enquanto caminhamos entre as prateleiras do mercado e abastecemos não somente a despensa, mas esse relacionamento que não é como no cinema, mas é de verdade. Não é paixão, mas é um bem-querer danado de bom.


Já não importa se é galinha com farofa ou caviar. Se estamos a atravessar o oceano num jato particular ou caminhando à pé para casa porque o carro está avariado e não temos passagem. Se nossas férias são em Dubai ou só descemos até o parque no final da nossa rua. Não importam os ouros e os luxos. Não importa se tomo da água da garrafinha esquecida dentro do teu carro ou se o vinho da taça é de uma reserva especial premiada.


Com o tempo passamos a dar importância ao que é sincero.

E, enquanto for de verdade, vale a pena. Quando deixar de ser e o vento mudar, e outra vez for esforço demais estarmos juntos, que cada um siga sozinho em busca do que apetecer mais.

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